História

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Nossa história se inicia com a penetração das Bandeiras. Em busca de ouro e esmeraldas, vieram descobrir, por acaso nestas paragens na cumeada de uma serra, a existência do Cristal de Rocha, o que valeu ao acidente geográfico o topônimo de “Serra dos Cristais”, isto por volta do ano de 1797. Pouca importância no entanto, lhe deram os Bandeirantes, face ao pequeno valor do minério naquela época.

John Emanuel Pohl, médico, súdito austríaco, nascido na atual república tcheca, formado na Universidade de Praga, veio na comitiva nupcial de Dona Leopoldina, filha do Imperador da Áustria e passa por Cristalina em dezembro de 1818. Dr. Pohl, ouvindo falar das riquezas da Serra dos Cristais em Paracatu, para lá seguiu , furtando-se a uma longa volta pelo registro do São Marcos, pela que talvez tenha sido seguido e vigiado pelos seus soldados.

A chegada de dois franceses

Já em 1879, dois franceses Etiene Lepesqueur e Leon Laboissére, vindos da vizinha cidade de Paracatu (Peixe Bom) onde residiam comercializando ouro, receberam uma quantidade de quartzo, amostra de cristais de rocha da Serra dos Cristais, que enviaram para a França, tendo ótima aceitação e foram vendidas obtendo preço altamente compensador.

Despertando-lhes então o interesse pelo negócio, voltaram e estabeleceram no local um núcleo inicial do povoado, comercializando com lucros vantajosos que em pouco tempo fizeram apreciável fortuna. Ali, dada à pureza e qualidade do minério, são transformadas em instrumentos de ótica e em ricas peças de artesanato por exímios artesãos e vão enfeitar as salas da sofisticada e nascente burguesia industrial. Iniciou então, a promessa de grandes lucros.

A febre do Cristal

A dupla de franceses se organizaram e partiram em 1880, em direção à “Serra dos Cristais”, no garimpo denominado de Serra Velha, em busca do precioso cristal. A notícia se espalhou rápido. Diziam aos quatro cantos “não é difícil extraí-lo”, o que atraiu dezenas de garimpeiros de Paracatu, Santa Luzia e outras localidades. Só falavam na extração do cristal.

Tropas de burros transportam o cristal para Paracatu e dali para o porto do Rio de Janeiro onde eram embarcados para a Europa e distribuídos nos grandes centros de lapidação, como Idar-Oberstein na Alemanha, Verona na Itália, Antuérpia na Bélgica e nas indústrias de aparelhos óticos da França e Alemanha.

Satisfeitos, Etiene e Leon, regressam a Paracatu, no ano de 1882. A falta de outros compradores ocasionou a debandada dos garimpeiros. Passado algum tempo, outro francês de nome Emilio Levy para aqui veio, conduzindo regular quantidade de fazendas e bugigangas que, trocadas por cristais, trouxeram novo alento aos garimpos com o retorno conseqüente dos trabalhadores dispersos. As habitações eram simples choças de pau-a-pique, cobertas de capim ou folhas de buriti.

As primeiras construções e influências de estrangeiros

Emilio Levy constrói a primeira casa de que se sabe, em 1883, localizada na margem esquerda do Córrego Almocafre, fixando a sede atual. Embora custasse uma arroba (15 kg) do mineral da melhor qualidade, a vil quantia de seis mil réis, a riqueza fácil encantava, pois o cristal era, então, apanhado com fartura na superfície do solo. Essa notícia repercutiu distante, dando como resultado o afluxo de um grande número de pessoas, principalmente da cidade mineira de Bagagem (atual Estrela do Sul/MG), importante centro produtor de diamantes.

Em 1884, de procedências diversas, outras pessoas aqui chegaram, contribuindo beneficamente para o desenvolvimento da localidade que nascia.A Missão Cruls passa por Cristalina, em 1892 e chega ao Planalto Central Brasileiro para demarcar onde seria a Capital da República (Brasília/DF).

Da Alemanha, em 1895, veio Carlos Mohn, que retornou algumas vezes a Alemanha. Anos mais tarde, veio a falecer em Artigas, Catalã Grande, no Uruguai. Em 1897, também da Alemanha, veio Augusto Leyser. Augusto, ao retornar à Alemanha foi colhido pela Segunda Guerra Mundial. Veio a falecer, ainda relativamente moço, em conseqüência dos fortes traumatismos, após o conflito mundial.

No começo do século vieram outros elementos que, construindo uma pequena colônia alemã, muito concorreram para o progresso da localidade, merecendo que sejam citados com realce, além daqueles, os nomes: Carlos Mohn Primo (faleceu em Ipameri/GO), Carlos Rodolfo Mohn (faleceu em Cristalina), Carlos Leyser (faleceu vindo da Alemanha, quando chegava ao Rio de Janeiro), Gustavo Leyser (faleceu em Anápolis/GO), Gustavo Edinger (faleceu na Alemanha), Júlio Leyser (faleceu em Cavalcanti/GO), Alberto Leyser (faleceu em Ipameri/GO), Eugênio Kern (faleceu em Belo Horizonte/MG), Hans Leyser, (faleceu em Ipameri/GO), Walter Leyendecker (faleceu na Alemanha), Fritz Leyendecker (faleceu no Rio de Janeiro), Alberto Mohn (faleceu na Alemanha, na frente russa), Rikard Poske (faleceu em Cristalina), Arthur Wachek (faleceu em Goiânia/GO), Gustavo Walgenbach (faleceu em Uruaçu/GO), Walter Henkel (faleceu em Cristalina).

O dinheiro circulante era tão vultoso que parecia haver perdido o seu valor intrínseco. A divulgação dessa situação provocou, também, a afluência de numerosos indivíduos desclassificados e de todos os tipos, que conturbando o ambiente, praticavam crimes dos mais horrendos.

De tais facínoras podemos mencionar os nomes de Berlarmino Côrtes, João Matador, Juca Dente de Ouro, Chapadeiro, Chico Machado, Jacinto, Zé Mangabeira, Quintino Barnabé e tantos outros, cujas façanhas ecoaram muito longe, pois essas feras humanas exerciam pelo temor, o domínio absoluto do povoado.

Reagindo contra esse estado de coisas, em 1901, Marciano Aguiar, Nicolau Batista de Oliveira, Plácido de Paiva e outros, resolveram pedir ao governo estadual, que fosse o Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, elevado à categoria de Distrito, o que se verificou com o auxílio eficiente de alguns amigos residentes na cidade de Santa Luzia. Pela Lei n° 15, de 12 de outubro de 1901 e instalando-se no mesmo ano, em decorrência do Diploma legal, o Distrito passou a denominar-se São Sebastião dos Cristais.

Plácido de Paiva ocupou o posto de Juiz Distrital, Nicolau Batista de Oliveira, o de Subdelegado de Polícia, exercendo Marciano Aguiar as funções de escrivão dos dois cargos. Dispostos até o sacrifício de suas próprias vidas, sustentaram lutas temíveis contra os vândalos que infestavam a terra, daí resultando a morte de muitos companheiros que em socorro das autoridades constituídas, caíram crivados de balas ou pelos punhais dos jagunços. Inconformados com o império da desordem, pediam insistentemente força policial para manutenção da Lei, mas, jamais foi atendido pelo Estado.

Esse clima tremendo de selvageria cedeu por fim, graças à ação enérgica e ao destemor dos defensores da sociedade, passando o novo Distrito, dentro de pouco tempo, a figurar como um dos recantos mais pacatos do mundo, onde os habitantes se conheciam intimamente, parecendo pertencerem todos a uma só família no gozo da mais doce harmonia.

Assim, pacífica e mansamente viveu o novo Distrito, até que Marciano Aguiar, Nicolau Batista de Oliveira, Jovino de Paiva, João José Taveira, Gustavo Edinger e outros, conseguiram sua elevação à categoria de Vila, anexada ao Município de Santa Luzia, em 16 de janeiro de 1916. Em julho do mesmo ano, pela Lei Estadual n° 533, a Vila foi elevada a Município autônomo, desmembrando-se de Santa Luzia.

A instalação do Município só se deu no dia 15 de janeiro de 1917, com o comparecimento de grande massa popular, vinda, em parte, da sempre amiga cidade de Paracatu. Recebeu então, a nova entidade a denominação de São Sebastião dos Cristais.

Pela Lei Estadual n° 577, de 31 de maio de 1918, o nome de São Sebastião dos Cristais foi mudado para Cristalina, que é conservado até hoje. No dia 1° de abril de 1930, pela primeira vez, Cristalina recebeu um Governador do Estado, sendo visitada pelo Dr. Alfredo Lopes de Morais, que foi homenageado com um programa de corridas no hipódromo local.

Em agosto do mesmo ano, Cristalina recebeu, em caráter oficial, o Ministro Plenipontenciário da Alemanha, Dr. Hubert Kipning. A partir deste ano começaram os Prefeitos a governar a cidade, só que ao invés de eleitos, eram nomeados. No dia 12 de outubro, doze veículos entre automóveis e caminhões condutores da Coluna Artur Bernardes, comandada pelo Coronel Quintino Vargas que, enfileirados, desceram na estrada do morro do recurso, transpuseram o Alcafre e adentraram em Cristalina, sendo que os dois dianteiros, conduzindo a oficialidade, rumaram para a casa comercial de Quintino Vargas, onde a Coluna se aquartelou.

Outros entraram na praça São Sebastião e os demais subindo o largo do mercado até a extremidade oeste local, completaram a invasão e o cerco da indefesa de Cristalina, por 75 homens aproximadamente, entre soldados mineiros, voluntários paracatuenses e diversos capturados também daquela cidade.

De vida efêmera, desaparece o Jockey Club de Cristalina, em 1931. Neste ano foi feita a urbanização da parte alta da cidade, pelo Engenheiro Hans Baumann, auxiliado por Cecílio Ribeiro e Otto Mohn, sendo o primeiro Prefeito Municipal, o Sr. José Adamian que dá nome a praça central.

Extraído do Livro: Cristalina – Terra dos Cristais e do céu limpo

Autora: Simony Côrtes


DADOS GERAIS

Fundação: 18 de Julho de 1916

Prefeito: Daniel Sabino Vaz

Vice: Luiz Henrique Trolle de Barros

População total: 52.235 habitantes (estimativa IBGE 2015)

Área total do município: 6.340 km2

Gentílico: cristalinense

Região: Leste de Goiás / Entorno do Distrito Federal

Distrito: Campos Lindos a 100 km da sede do município

Povoado: São Bartolomeu a cerca de 33 km ao norte pela BR 040.

Altitude: 1.196 m (segunda maior de Goiás)

Clima: Frio ameno. Menor temperatura já registrada: 2° (21/07/1996)

Hidrografia: 256 rios, riachos e nascentes